Qualificado para o Oscar 2024, o longa de Eliza discute o direito de escolha ao aborto no Brasil a partir de experiências de mulheres que interromperam a gravidez ou seguiram a gestação de fetos diagnosticados como incompatíveis com a vida – em todos os casos, as mulheres enfrentaram o luto e a perda de seus filhos.
Em 26 de setembro, um dos temas mais importantes no Brasil, a descriminalização do aborto, é o centro de um curtametragem publicado no artigo de opinião do NY Times, Dear Supreme Court of Brazil, Use Your Power to Protect Women (Querido STF, Use seu poder para proteger as mulheres). O artigo de opinião chama a atenção dos Juízes do Supremo Tribunal Federal para a oportunidade histórica de descriminalizar o aborto no Brasil até 12 semanas, com a votação da ADPF 442. No curta publicado no jornal norte-americano, Eliza conta seu processo de interrupção de gravidez após o diagnóstico de um feto incompatível com a vida, procedimento hoje considerado crime no Brasil, com pena de até três anos de prisão.
No Brasil, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Luís Roberto Barroso – junto aos demais ministros do Supremo – terá a oportunidade de descriminalizar o aborto com a ADPF 442. A ação é um caso judicial em que se pede ao STF que reconheça que são incompatíveis com a Constituição Federal de 1988 os artigos 124 e 126 do Código Penal, que criminalizam o aborto feito pela mulher ou feito por outra pessoa com consentimento da mulher. O Código Penal é de 1940, portanto, anterior à atual constituição que preza por direitos humanos fundamentais: o direito à dignidade, à autonomia e à cidadania.
Sobre o filme o longa INCOMPATÍVEL COM A VIDA:
O documentário longa-metragem INCOMPATÍVEL COM A VIDA nasceu da experiência da diretora Eliza Capai, que começou a filmar sua gravidez durante a pandemia, e tudo parecia correr bem, até que veio o diagnóstico: seu bebê tinha uma malformação que o tornava incompatível com a vida, e um aborto seria a melhor solução.
A complicada jornada de Eliza é acompanhada de perto na tentativa de poder realizar uma interrupção de gravidez de forma legal em outro país. Ela consegue fazer o procedimento pelo sistema público de saúde de Portugal, com apoio de uma junta médica e da legislação no país.
Ao passar por esta situação, me dei conta de uma crueldade ainda maior da lei que criminaliza o aborto no Brasil. Que mesmo mulheres que desejavam seus filhos, ao se verem gestando um bebê que infalivelmente morreria nos primeiros minutos ou horas de vida extra uterina, é obrigada a levar a gestação a cabo. Para mim, seria uma forma de tortura, tanto para mim, quanto para o meu filho, levar a gestação a cabo. ― Conta Eliza
Sinopse:
A partir do registro de sua gravidez frustrada, a diretora Eliza Capai conversa com outras mulheres que tiveram vivências parecidas à sua, criando um potente e tocante coral de vozes que refletem sobre temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas que nos afetam.
Já no Brasil, realizar uma interrupção de gravidez de um feto incompatível com a vida é inconstitucional. Eliza conversou com outras mulheres que a partir do mesmo diagnóstico de incompatibilidade com a vida no Brasil, viveram diversos desdobramentos, criando um potente coral com diversas opiniões e vivências de luto parental.
Ficha Técnica:
Direção: Eliza Capai
Roteiro: Eliza Capai
Produção: Mariana Genescá, tva2.doc
Montagem: Daniel Grinspum
Direção de Fotografia: Janice D’avila
Direção de Fotografia (gravidez da diretora): Eliza Capai, João Pina
Trilha Sonora: Decio7
Gênero: documentário
País: Brasil
Ano: 2023
Duração: 92 min.